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Prosa Poética

Uma nuance de paz


 

No final das contas, não era nada daquilo em que se cria há tanto.

Findo o espaço de tempo que comporta as horas, soavam apenas alguns gorjeios de pássaros descabidos festejando o sol que se punha.

Uma paz meio que imposta tomava todo o arredor. Parte de uma música se podia ouvir. Teclas que toavam suaves. Um piano que doce irradiava uma melodia.

Vagarosamente, em sol morrente a tarde se finda. Findam-se as esperas. Findam-se as promessas não feitas. Findam-se os olhos em cujo brilho, toda a esperança no belo que ainda não houvera chegado e que no entanto, jamais chegaria. Muito embora não se soubesse disso ainda...

 

Ressoa uma certa paz. Uma paz não quista, não era a paz que se desejaria. Aquela que como numa nuance que se desfaz, é continuação de alegria. A que enfim chegara vinha como uma cor nova e muito forte. Que de repente é lançada sem volta. Uma paz cuja cor prevalece puramente escurecida. De forma que as vistas se acostumam e não há como ser mudada. É definitiva. Ao menos pelo momento em que é sentida...

A paz era feita de um azul intenso onde os olhos se perdem como se fossem um poço de água escura e profunda... Como uma noite permeada com uma laica claridade de lua. Uma estranha noite de veludo azul. Com a maciez de um grande e desajeitado retalho de veludo azul no espaço. Quase sem se fazer notar...

Os olhos se fecham. Sente-se a paz do momento. O silêncio é tão intenso que pode ser ouvido. Toda forma de paz é bem vinda. Que assim seja, até que novamente se esmoreça mais uma noite.

 

E brilhe mais um dia...

 

 

Andrea Cristina Lopes

Poesia

Insone
 

… e a emoção pede escrita
é a vida que pede poema
do nada que ficou
olhos brandos, vagos
longínquos, apenas.

Tempos ímpares, noites pares
cuja memória repete assídua
aquilo que não para, mas
que nunca se pronunciou
sendo vida.

… e a noite pede sono
novo repouso para a poesia
não seja a escuridão
amanhecida, também
no peito de quem carece
um novo raiar de sonhos
...amém
para um outro dia.


 

 

Andrea Cristina Lopes

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